Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2017

Os dias não são iguais.

Enquanto uma delas esteve a mais de oitocentos quilômetros de distância as gatinhas apareceram bagunçando a casa, mexendo com o ânimo de todos nós. Ele disse não com veemência, a outra acolheu e escolheu nomes, o cão se resignou em ter que dividir sua atenção com as intrusas. A cadela curiosa espichou o olho e o faro para dentro de casa esperando a oportunidade de fazer amizade com as visitas. A gata caçula da casa se enfureceu e buscou abrigo no jardim onde batia um solzinho, além de rosnar e eriçar os pelos dispensou seu cantinho predileto, a cama daquela que viajou. A outra gata fez que não se importou, mas enquanto durou a hospedagem evitou qualquer tipo de contato comigo, estava de mal. Duas semanas se passaram e num sábado a gatinha branca de manchas pretas partiu para seu novo lar. No domingo foi a vez da gatinha cinza ir embora com sua dona definitiva e a tensão entre os bichos se dissolveu! Pronto! Portas e janelas puderam ser abertas sem o cuidado daqueles dias em que ga

"Não se apressa a arte!"

Não, esse não foi meu almoço, mas bem que poderia ter sido... de novo! Afinal, um domingo assim, frio e chuvoso como o de hoje pede um prato substancioso e quente, desses que a gente encara sem nenhum constrangimento! Fazia muitos anos que não preparava um panelão de dobradinha. Dá trabalho e não é um prato que todo mundo gosta. Da última vez as crianças não gostaram. Mas elas cresceram e dessa vez foi só alegria! Sendo assim, poderei repetir desta fina iguaria por muito mais vezes!!! Resista ao preconceito. Dobradinha é um prato delicioso! Comida boa para reunir os amigos, comer sem pressa e "apreciar a arte da boa mesa"... onde eu ouvi isso? Não lembro, mas essa foi a melhor dobradinha que preparei e fiquei me perguntando se isso se devia à maturidade... Sabe, as melhores dobradinhas que provei foram feitas por mulheres mais velhas, que carregam panelas quentes e pesadas até a mesa, dominam temperos e colheres diferentes ao mesmo tempo em bocas de fogão acesas cada

Empanado & Desempanado

Queria comer mais peixes, embora eu até esteja comendo um pouco mais nos últimos anos. É bom morar num bairro onde se pode escolher onde vai comprar o peixe. É bom que nem sempre ele esteja congelado. E o cheiro do peixe fresco também é muito bom! Mas, trazer o peixe pra dentro da cozinha... aí, já são outros quinhentos! Dependendo do modo de preparo, o cheiro vai dominar a casa inteira e isso não é bom. Tem espinha, tem cheiro forte, não é barato, não rende muito e são tantos isso e aquilo que a gente acaba desistindo. Quer dizer, eu. Porque de você não sei. Você come peixe? Se minha memória não estiver fantasiosa, lembro que minha mãe tinha o hábito de preparar peixe no sábado e frango no domingo. Lembro do peixe cozido, do coentro e do quanto eu gostava de comer os olhos... pô, eu era criança, dê um desconto! Lembro também do arroz com peixe na merenda servida na escola. Eu gostava! Mas depois que minha mãe se foi e minha madrasta passou a pilotar o fogão, os dias em qu

Pudim de milho

Coisa divertida de se fazer na rede é imaginar uma receita e "dar um google" pra ver se ela existe. Às vezes a busca é ligeira, mas noutras é preciso refinar até achar do jeitinho que idealizei. Se não encontro, resolvo rápido, mudo a receita e faço do jeito que quero. Veja bem, não há nenhuma presunção neste ato. Eu não sou da área, não domino o mundo gastronômico, não quero ser chef e estou bem distante de ser uma cozinheira de forno e fogão. Sou curiosa e uma tremenda fuxiqueira e gosto de aproveitar os ingredientes que tenho à mão para arriscar numas receitas que de vez em quando dão certo. Foi assim com o pudim de milho, ou melhor, não precisei arriscar nenhuma invenção. Eu tinha uma lata de leite condensado, uma lata de milho e uma imensa vontade de ter uma sobremesa pra depois do almoço. Dei um google e dezenas de receitas surgiram na tela e eu não entendi como pude ter passado tanto tempo dessa vida sem nunca ter provado esse doce... Sei de nada. Mas se v

Ao mal amado com carinho.

Reza a lenda que existe apenas uma única razão para uma pessoa em sã consciência gostar de bife de fígado: a memória afetiva! Essa danadinha costuma dar o ar da graça em situações inusitadas, mas através da comida ela aparece lépida e fagueira nos remetendo a um tempo onde a vida era só brincadeira. Você vai lembrar da sua mãe e de todos àqueles que te cuidavam. Vai ouvir seu nome sendo chamado incessantemente enquanto você terminava uma parte importantíssima da trama que seus bonecos estavam encenando. Vai lembrar do jato forte da torneira da pia e que mesmo molhando todo o chão do banheiro pra lavar as mãos você, ainda assim, conseguia a proeza de deixar a toalha encardida e o sabonete todo enlameado. E finalmente, vai lembrar da careta que fazia quando sua mãe anunciava que o almoço era fígado. Não adiantava chiar. Ela ía enumerar todas as propriedades do fígado e terminar com um sermão de que você deveria dar graças a Deus pelo prato de comida que tinha na mesa. E sem choro nem

Arroz de manjericão

Amanhã é domingo daqueles que mais gosto, com bastante tempo pra fazer nada! Sem compromisso, sem hora marcada, sem festa, sem relógio pra despertar. Livre pra gastar o tempo com o que eu quiser, pode ser uma caminhada até o Alto da Boa Vista ou outra decisão em cima da hora, poder ler mais capítulos daquele livro fazendo uma pausa pro café ou desencavar umas músicas velhas, maratonar uma série na TV, mil coisas... até cozinhar! Domingo é dia de comer coisa bem gostosa, de preferência que não dê trabalho, que seja rápida, mas especial pra merecer o título de almoço de domingo! Arroz de manjericão é assim. Tem cara de dia especial. Mas é fácil, muito fácil. O trabalho maior vai ser desfolhar o maço de manjericão e lavar as folhinhas. Depois bater todas as folhas com 1/2 xícara de azeite. Se estiver um pouco seco, acrescentar um pouco mais de azeite. Mas não precisa ser tanto quanto num molho pesto, pois o arroz pode ficar muito engordurado e particularmente não gosto de arroz &

Pra colorir: Cúrcuma e Urucum

Se você me perguntar qual o tempero do meu frango eu vou responder honestamente que não sei! O frango aceita quase tudo pra ficar gostoso! E o meu tempero varia com o meu humor ou com o que vai acompanhar aquele fraguinho nosso de sempre.  Pode ser tedioso abrir a geladeira e se deparar com batatas e frango. Lá vem mais um dia de arroz e feijão sem graça. Mudar o tempero pode fazer a diferença. Mudar dois temperos fica ainda mais legal! Tenho uma amiga que quando estava um pouco tristonha recorria ao colorido da fanta laranja, como se aquela cor vibrante pudesse sacudir o corpo e espantar o tédio. Já fiz isso também... funciona instantaneamente, mas acho que é por conta da dose cavalar de açúcar... Mas se a gente imaginar todo aquele colorido percorrendo o corpo, dá pra desejar uma maneira mais saudável de alegrar o dia e mudar o humor. A cúrcuma nasceu amarela vibrante! Onde encosta deixa rastro de cor. Seu gosto é suave e levemente picante e o perfume me remete imediatam

Receita de cinema

O filme é de 2009, me recomendaram em 2014, mas só assisti dia desses. "Julie & Julia" conta a história verídica de Julie Powell que decide criar um blog testando todas as receitas de um livro de Julia Child, culinarista americana que ensinou os segredos da alta gastronomia em livros e num programa de TV. Eu poderia te contar o filme inteiro aqui, porque eu gostei pra caramba, é com a Meryl Streep e o filme me foi indicado numa proposta de desafio: "por que você não faz como Julie e testa todas as receitas da Ofélia no seu blog?" Uau, que desafio! Acho que não conseguiria ter a obstinação de Julie. Mas essa é uma ideia que não se despreza. Então... Quem sabe... Assisti o filme e dias depois apareceu um vídeo na minha timeline do programa Comida de Cinema com a receita do Boeuf Bourguignon de "Julie & Julia" e já não me surpreendo com tudo que o Google o Facebook sabem de mim... Deu vontade de testar a receita. Parecia ser mais simples do que foi

Prato feito

Não é que eu tenha deixado de comer todos esses dias, mas eu não estou dando conta dos acontecimentos nos últimos tempos. Tanta perplexidade, tanta desesperança que fica difícil escrever abobrinhas. Melhor comê-las quietinha, agradecendo todos os dias por ainda conseguir serví-las à família. Quem de nós não está passando por um momento turbulento? Eu tenho ouvido histórias difíceis todos os dias. Eu mesma tenho tido meus dias de tormento. Sigo buscando equilíbrio e alento no colo da família, porque juntos continuamos sorrindo e rindo de nós mesmos e das mazelas que nos atropelam.  Tanta gente falando ao mesmo tempo, tanto apontamento de dedos em riste, tantos rótulos que fico até sem jeito de expor meu prato de comida. Já parou pra pensar no tamanho da exposição que é postar o que você come pra um monte de gente que você nem sabe quem é?! Quando penso assim sinto até um constrangimentozinho de todas as coisas que já publiquei e aí dá vontade de nada, de deixar pra lá. O proble