Desconfio que pra muita gente a felicidade anda de braços dados com a picuinha. Aquela mania que a pessoa tem de deixar um veneno entre os dentes, espetar uma farpa, alfinetar gratuitamente o que não precisa dar ponto. Pra pessoas assim, não há bem que se quis sem interesse, risada que encubra a maldade, abraço sem punhalada. É uma gente sem dó nem piedade, que compara o que não pode ser comparado, mensurado e muito menos trocado.
Na picuinha não há nada nem ninguém que possa viver uma vida plena, sem necessariamente gargalhar em selfs pasteurizadas onde a alegria instantânea e fake pode ser compartilhada como prova de felicidade. E fica decretado assim, se você não está contente, não é feliz.
Cacilds! Bem gelada e para todos que é pra ver se esse povo para de dar pitaco no que não foi perguntado. E olha que estou sendo generosa! A cerveja é levinha e a garrafa é linda! Ainda assim, há de aparecer alguém pra falar mal. Não me importo, bebo sozinha e levo a garrafa de brinde...
Acabou a folia. E aqui no bairro permanece o silêncio que atravessou todo o Carnaval. Me senti fora do Rio e no único dia que saí de casa não aguentei o calor, a multidão, o suor e o cheiro de caipirinha derramada no asfalto. Fugi depressa pro meu pardieiro e pela primeira vez em muitos anos, me dei ao luxo de viver o ócio integralmente. Ô preguiça desalmada! Tanta falta do que fazer dá até tristeza, sabia?!
Me entreguei à melancolia de Momo em protesto à euforia forçada que desfila nas ruas. É obrigatório estampar alegria. Quem disse?! Ninguém me obriga!
Já desisti de assistir desfile na TV, mal consigo chegar à segunda escola. Durmo mesmo! E antes que o assunto virasse tema na rede, meu whatsapp foi parceiro e travou. Fiquei bem feliz de me ver livre daquele sinalzinho chato nesses dias. Pensei em me livrar do aplicativo de vez. Chega de tanto "bom dia" inútil, mas pensei melhor e segurei a onda. Ele é útil na maioria das vezes e contabilizando com frieza, são poucos os que ficam nessa carência de um "alô" diário para os amigos. Pra muita gente aquele tirilim deve trazer muita alegria... tantos amigos pululando no celular, isso sim é que é felicidade... só que não!
Você deve estar achando que eu passei o Carnaval enchendo a cara e posso garantir que não é verdade. Fui ao cinema e estou até agora pensando no Michael Keaton com carinho e muito afeto pela primeira vez. Me rendi ao Candy Crush, embora uma amiga querida tenha me alertado para os perigos do vício neste jogo. Acho que não vou viciar, não achei nada demais, mas minhas filhas têm certeza de que eu já estou dominada... Nem ligo! E dei de ombros para todos os protocolos e convencionices que esperavam de mim. Neste feriado eu só quis dormir... Ou quase!
Sem paciência, com sono e muito calor, conto as horas pra passar de fase na vida, que essa agora, sinceramente, está muito chata! Mas, quando acabar minha reforma e voltar pra minha casa, não esperem foto com hastag "new me", que isso é só a constatação do que não muda... Acho que serei a mesma de sempre, buscando a felicidade na paciência e na constância. Sem arroubos bipolares, tentando praticar a tolerância até ficar de saco cheio e mandar o alheio passear em lugares inóspitos... Sim, meu caro. Estou controlando o "dane-se", mas está muito difícil deixar de mandar os outros passearem lá longe!
E assim, em dias de pura chatice, não é no álcool que eu encontro a felicidade, mas é nele que me refresco!
Se beber, não dirija mesmo e aprecie com moderação, porque gente bêbada é muito chata e... terminar o feriado vomitando pela casa é muito triste!... Mais do que isso, é decadente.
Sempre sábias palavras!
ResponderExcluirPassei o feriado como vc, em casa alternando entre momentos de plena epifania culinária e outros de completa preguiça de tirar a camisola. Uma coisa é certa, foi maravilhoso enquanto durou e confesso que uns diazinhos a mais não seriam de todo mau mas, comecemos o ano pq as resoluções estão estacionadas.
Feliz Ano Novo, minha querida!
Beijos
P.S.: o bom e velho botãozinho anda no stand-by por aqui tb. Pronto para ser apertado, sem pestanejar.
Feliz Ano Novo pra você também, querida Chris! Obrigada pelo carinho! Adorei acordar tarde nestes dias, mas confesso que já estava sem paciência... rsrs... Muitas resoluções estacionadas, sabe como é né... E vamos seguindo sempre de olho no botão das emergências! :)
ExcluirAdorei, Madê! Texto gostoso, leve, inteligente e divertido...Você se supera!
ResponderExcluirQuerida Cláudia, como é bom receber seu elogio! Ganhei o dia!!!
ExcluirDona do Pardieiro! Penso que a felicidade tá por ai, nas sombras, rindo da chatice que algumas vezes encontra um cantinho em nossa vida e se instala , olhando sem parar para a nossa cara exercendo com plenitude o seu papel.
ResponderExcluirPara mim estes contrastes, enquanto uma ri e outra olha, ficam mais evidentes quanto percebemos as coisas rasas e fúteis por aí , se espalhando como cizânia. Perceber estas coisas não é simples, isso é .... puxado!
Também fui assitir ao filme Birdman ( não dá prá ser indiferente, aqui cada um teve uma opinião)
Sim, com moderação , juntos, ou separados álcool , jogo e as palavras valem sempre.
O melhor mesmo é que seu recado foi dado , e muito bem. Ótimo texto!
Agora me responda por favor esta Keep Cooller de pêssego é boa? Parece.
Olha isso, mesmo sem receita fiquei com água na boca.... :) bjs amiga querida!
Rose, Rose! Como eu sinto falta de conversar com você "ao vivo"!... Pois é, Birdman também rendeu opiniões diferentes por aqui. Ou melhor, rendeu até o silêncio. Mas não parei de pensar no assunto e matracar sobre isso de vez em quando. Não sei se renderá o Oscar, pois não vi os outros filmes. Mas renderia uma conversa ótima regada a muito keep cooler!!!
ExcluirAliás, eu adoro keep coller de todos os sabores. Dizem que é bebida de mulherzinha... mas, tudo bem, eu sou! Parece um refrigerante alcoólico, aliás, com muito teor alcoólico!!! Um perigo para adolescentes e mocinhas desavisadas!!! Beijo!