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Comida de acampamento - parte 2: carne moída

O céu de outono é sempre o mais bonito a qualquer hora do dia. E assim, parada no meio do quintal, eu tenho a visão ampla e privilegiada de um enorme céu azul sobre minha cabeça. De um lado, a casa que vai sendo transformada lentamente, tanto pela quantidade de coisas que precisam ser feitas, tanto pela morosidade e falta de compromisso daqueles que se intitulam "profissionais". Do outro lado, a edícula mínima onde vivemos nestes últimos seis meses. Sim, já se passaram seis meses... O céu, azul claro ou escuro, cinza ou todo branquinho, me conforta. 

Eu tinha preguiça de iniciar a reforma da casa, pois sabia que o tempo seria muito maior do que o previsto, mas me preparei para viver de forma mínima durante o tempo que fosse necessário. E assim tem sido. Não sei se minha família estava preparada para isso, não sei que expectativas criaram, mas tento fazer com que este tempo, tão difícil na vida da gente, seja aproveitado da melhor maneira possível. Esse momento ficará para sempre, então, que guardemos boas lembranças...

Não vivo para o futuro, mas planejo cuidadosamente os meus passos na tentativa de diminuir os estragos causados pelos possíveis tombos. Sendo assim, apesar de saber o que quero para a casa, ainda nem consigo imaginar como será quando voltarmos a morar nela. Por enquanto, nossa realidade é a diminuta edícula. E já que estamos num acampamento permanente, o cardápio continua restrito. Embora eu esteja me divertido um bocado com novas receitas, agora que o calor esturricante acabou e podemos viver com um pouco mais de dignidade neste cafofo.

Mas, no basicão de dia dia, um dos meus coringas favoritos é a carne moída.

Assim com legumes, arroz e feijão, salva o almoço de qualquer segunda-feira. Ou terça ou dia de pressa, já que ela fica pronta rapidinho. E pode ser carne de segunda ou de primeira que fica bom, não tem erro. 

Para comer assim, como prato principal, prefiro chã ou patinho. Para fazer hambúrguer e recheio de panqueca também. 

Mas tem o "pulo do gato" e se ninguém te contou, vou revelar. Pra fazer carne moída tem que ter "braço" e não parar de mexer e separar os gruminhos até que ela esteja totalmente refogada. Do contrário, formam-se bolotas de carne cozida e isso não é legal. E se for pra fazer bolotas, que se faça então almondegas! Sim, almondegas!
Que são deliciosas com macarrão ou com purê de batatas. Eu adoro!

Minha receita aprendi com a Ofélia numa coleção de receitas que tenho dela. E para meu deleite, a receita é igualzinha a da Rita Lobo. Mas, pra variar, dou meus pitacos tanto na receita de uma como na da outra. 

Ambas receitas levam pão amanhecido e isso pra mim é um problema, pois pão é alimento que não sobra aqui em casa. A solução é trocar o pão por uma farinha de rosca, que nada mais é que pão duro triturado. E sempre tenho em casa. Facilita!

Ofélia frita as almondegas antes de colocá-las no molho. Rita assa. E eu simplesmente cozinho as bolinhas cruas direto no molho de tomate, que preparo cheio de temperinhos e bem aguado, para encorpar durante o cozimento. Garanto: não desmontam.

Adoraria fazer um molho de tomates como aquele da Rita, mas com o tomate custando oito ou nove reais o quilo, não dá. Mas, o molho pronto pode ser incrementado de uma maneira fácil. Refogue alho e cebola no azeite e acrescente uma cenoura e um talo de aipo picados ao molho de tomate. Quando estiverem cozidos, passe no mixer ou liquidificador e pronto! Molho de tomate delicioso!

Outra dica com carne moída é ainda mais fácil e eu achei no verso de uma caixinha de amido de milho.

Bastam 500g de carne moída, alho e cebola picados, cheiro verde (ou não), sal e meia xícara de amido de milho.

Amasse a mistura e faça as bolinhas. Unte uma assadeira e leve para assar em forno baixo e pré-aquecido. 

Preparo as bolinhas com chã ou patinho e a dica é não deixar passar demais, pois as bolinhas podem ficar muito secas e sem graça. Em menos de meia hora o prato principal do seu almoço estará pronto!

Mas, não é só carne magra que dá vida a uma boa carne moída. Acém e músculo também rendem um bom caldo. Molho à bolonhesa faço com carne de segunda e sopa também. Uma das receitas de sopa que mais gosto se resume a dois ingredientes: aipim e carne moída. Essa iguaria aprendi com minha madrasta e sem dúvida essa é a melhor receita que ela faz...  se você não se acha muito hábil com as panelas, posso jurar pela minha mãe mortinha, que haverá neste mundo algum prato pra chamar de seu e intitular sem titubear como especialidade da casa e ainda deixá-lo sonhando com a próxima vaga no The Taste Brasil.

Então, aproveita que tem feito um tempinho ameno, dias de chuva e que a moda agora é desgourmetizar! Faz uma sopa de invenções e corre pro cobertor pra assistir um filminho depois!

Nesta sopa aí dá foto tem batata baroa, abóbora, chuchu, nabo, músculo moído, macarrão conchinha, alho, cebola, aipo, óleo e sal. Ficou delícia!

Agora, vou nessa! Preciso ir ali, olhar o céu.




Comentários

  1. Eita arrebentou, no texto e no fogão! O basicão tá com uma cara ótima, aliás, todos estão, mas fico pensando no trabalho de cortar os leguminhos da sopa. Só para fortes, mas topo comer...

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    1. Que preguiça é essa, Margô?! rsrs... Pra quatro pessoas usei um nabo, um chuchu, um pedaço pequeno de abóbora e umas três batatinhas baroa pequeninas! A carne já estava moída e só piquei um dente de alho! Cadê o trabalho?!
      Mas ainda tem outra chance, bem mais fácil: aquelas bandejinhas com legumes cortados e limpos que são vendidos em todo hortifrúti que se preza!

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  2. Made, coisa boa! Sabe que este era um prato que eu fazia sempre, desde criança para a prole da família, e até hoje curtimos sopas deliciosas assim. E Margarete, cortar os legumes não dá trabalho, mas deixar a carne sequinha e solta, aí, é certeza, concordo com a Made, haja braço. Bjs

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    1. Eba, Rose! Fico muito feliz de trazer à tona suas memórias afetivas!!! Beijão!

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