Eu não quero comer pelo de rato. Eu não quero mais acidulante, corante, flavorizante e todo e qualquer avanço químico que me deixe cada vez mais distante do sabor real dos alimentos, que me deixe doente. É difícil. Mais difícil ainda quando não se pretende, nem se pode mudar assim de solavanco, tão depressa. Eu não sou orgânica, integral nem glúten free.
Deixa eu continuar encantada com o papel laminado e colorido dos cubos mágicos, deixa eu acreditar que existe mesmo muito amor dentro daqueles sachezinhos... me deixa comer um cachorro quente numa sexta à noite sem ficar matutando o que tem naquela salsicha. Deixa eu ceder aos apelos das meninas e comprar cupnuddles, aquele miojo que vem dentro de um copo e tem gosto de ração. Deixa eu tomar uma coca-cola gelada ou tomar uma cerveja bem vagabunda feita de milho. Deixa eu me envenenar quando quiser, que eu tenho feito cada vez menos tudo isso e não vou olhar de soslaio quem virou a chave de vez ou quem ainda nem se deu conta que àquela ansiedade, aquele sono mau dormido, aquela gordura no "páncepis", aquele mau humor é só o acúmulo das coisa ruins que se comeu. Eu sinto. Muda a pele, o cabelo, o sono e o humor. E resisto. E evito tudo que sei que não me cai bem.
E assim, devagar vou mudando. Quem me conhece sabe que sou slowly, quase lerda. E nesse dilema entre escolhas eu sigo tentando achar o equilíbrio de uma vida saudável sem demonizar de vez os avanços da indústria alimentícia. Cresci junto com a expansão desse setor, cresci com os hamburgueres congelados em caixinha, com Sílvio Santos cantando "miojo é gostoso demais", com a galinha azul e com o Jotalhão me fazendo ter certeza que seu extrato de tomate era o mais concentrado, como não acreditar?! E como não amar o Jarrão cantando que "Ki suco mata a sede brincado"...
Mas, quanto mais eu deixo esses produtos de lado, menos eu sinto vontade de comprar. Menos eu sinto vontade de comê-los... Fizeram a gente acreditar que cozinhar é chato, dá trabalho e que você tem um mundo de produtos pra se alimentar de um jeito prático e saudável...
Ok, cozinhar todo dia é chato mesmo e dá trabalho, mas pode ser prático e bem mais barato. Mas ainda tem outra vantagem, além de ser mais saudável, comida feita em casa e com menos produtos industrializados é muito mais gostosa. Com o tempo, seu paladar vai mudando e você custa acreditar nas porcarias que comia antes.
Há dois meses decidi encarar o desafio de fazer em casa o meu próprio molho de tomate. Já tinha feito em algumas outras ocasiões em que considerei ser especial, porque achava que fazer molho de tomate dava muito trabalho.
Aproveitando que o tomate está com um preço razoável, muitas vezes abaixo de R$5,00 ( tenho encontrado por R$3,00 na feira ), decidi testar. Na primeira vez usei um quilo de tomate italiano bem maduro, alho, cebola, louro e sal. São esses da foto. Com cada pote desses preparei o molho da massa para quatro pessoas. Congelei e a cada vez que usei, acrescentei algum ingrediente: carne moída ou berinjela ou abobrinha ou azeitonas... Aprovado! Me empolguei e na vez seguinte comprei três quilos de tomates bem madurinhos que me renderam molho e um problema: onde guardar! Mas, com a paciência dos monges (ou das mães) para resolver quebra-cabeças consegui alojar todos os potes no freezer! Dessa vez a empolgação foi tanta que não me contive nem nos ingredientes, incluí salsão e cenoura e virou molho de festa.
Se você ficou afim de testar, mas não quer arriscar, te garanto que com três ou quatro tomates você faz um molho bacana! Tem um monte de receitas na internê...
Eu fiz assim: uma cruz nos quatro tomates que coloquei na água fervente por uns minutinhos, pra poder descascá-los. Depois de escorridos e sem casca, refoguei com alho, cebola e óleo, metade de uma cenoura limpa e cortada, dois talos de salsão, algumas folhas de salsinha, uma folha de louro, um cravo. Deixei cozinhar até que a cenoura estivesse cozida e bati no mixer. Pronto! Molho pronto! Molho pronto, caseiro e de verdade!
Ih... só não sei se o tomate estava agrotoxicado... é difícil encarar uma alimentação pretensamente saudável com tantas armadilhas pelo caminho. Mas a gente vai tentando escapar... sei que é difícil deixar de comprar nos grandes supermercados, onde a gente resolve tudo de uma vez, sei que orgânico é mais caro, sei que no dia da feira você está trabalhando, mas com jeitinho também sei que você vai encontrar uma saída.
A minha achei num sacolão perto de casa. Em dias de luxo, fujo até à feira e consigo tomates maduros, pequenos e adocicados. A gente dá jeito pra tudo. E de repente percebe que é fácil, extremamente fácil!
Deixa eu continuar encantada com o papel laminado e colorido dos cubos mágicos, deixa eu acreditar que existe mesmo muito amor dentro daqueles sachezinhos... me deixa comer um cachorro quente numa sexta à noite sem ficar matutando o que tem naquela salsicha. Deixa eu ceder aos apelos das meninas e comprar cupnuddles, aquele miojo que vem dentro de um copo e tem gosto de ração. Deixa eu tomar uma coca-cola gelada ou tomar uma cerveja bem vagabunda feita de milho. Deixa eu me envenenar quando quiser, que eu tenho feito cada vez menos tudo isso e não vou olhar de soslaio quem virou a chave de vez ou quem ainda nem se deu conta que àquela ansiedade, aquele sono mau dormido, aquela gordura no "páncepis", aquele mau humor é só o acúmulo das coisa ruins que se comeu. Eu sinto. Muda a pele, o cabelo, o sono e o humor. E resisto. E evito tudo que sei que não me cai bem.
E assim, devagar vou mudando. Quem me conhece sabe que sou slowly, quase lerda. E nesse dilema entre escolhas eu sigo tentando achar o equilíbrio de uma vida saudável sem demonizar de vez os avanços da indústria alimentícia. Cresci junto com a expansão desse setor, cresci com os hamburgueres congelados em caixinha, com Sílvio Santos cantando "miojo é gostoso demais", com a galinha azul e com o Jotalhão me fazendo ter certeza que seu extrato de tomate era o mais concentrado, como não acreditar?! E como não amar o Jarrão cantando que "Ki suco mata a sede brincado"...
Mas, quanto mais eu deixo esses produtos de lado, menos eu sinto vontade de comprar. Menos eu sinto vontade de comê-los... Fizeram a gente acreditar que cozinhar é chato, dá trabalho e que você tem um mundo de produtos pra se alimentar de um jeito prático e saudável...
Ok, cozinhar todo dia é chato mesmo e dá trabalho, mas pode ser prático e bem mais barato. Mas ainda tem outra vantagem, além de ser mais saudável, comida feita em casa e com menos produtos industrializados é muito mais gostosa. Com o tempo, seu paladar vai mudando e você custa acreditar nas porcarias que comia antes.
Há dois meses decidi encarar o desafio de fazer em casa o meu próprio molho de tomate. Já tinha feito em algumas outras ocasiões em que considerei ser especial, porque achava que fazer molho de tomate dava muito trabalho.
Aproveitando que o tomate está com um preço razoável, muitas vezes abaixo de R$5,00 ( tenho encontrado por R$3,00 na feira ), decidi testar. Na primeira vez usei um quilo de tomate italiano bem maduro, alho, cebola, louro e sal. São esses da foto. Com cada pote desses preparei o molho da massa para quatro pessoas. Congelei e a cada vez que usei, acrescentei algum ingrediente: carne moída ou berinjela ou abobrinha ou azeitonas... Aprovado! Me empolguei e na vez seguinte comprei três quilos de tomates bem madurinhos que me renderam molho e um problema: onde guardar! Mas, com a paciência dos monges (ou das mães) para resolver quebra-cabeças consegui alojar todos os potes no freezer! Dessa vez a empolgação foi tanta que não me contive nem nos ingredientes, incluí salsão e cenoura e virou molho de festa.
Se você ficou afim de testar, mas não quer arriscar, te garanto que com três ou quatro tomates você faz um molho bacana! Tem um monte de receitas na internê...
Eu fiz assim: uma cruz nos quatro tomates que coloquei na água fervente por uns minutinhos, pra poder descascá-los. Depois de escorridos e sem casca, refoguei com alho, cebola e óleo, metade de uma cenoura limpa e cortada, dois talos de salsão, algumas folhas de salsinha, uma folha de louro, um cravo. Deixei cozinhar até que a cenoura estivesse cozida e bati no mixer. Pronto! Molho pronto! Molho pronto, caseiro e de verdade!
Ih... só não sei se o tomate estava agrotoxicado... é difícil encarar uma alimentação pretensamente saudável com tantas armadilhas pelo caminho. Mas a gente vai tentando escapar... sei que é difícil deixar de comprar nos grandes supermercados, onde a gente resolve tudo de uma vez, sei que orgânico é mais caro, sei que no dia da feira você está trabalhando, mas com jeitinho também sei que você vai encontrar uma saída.
A minha achei num sacolão perto de casa. Em dias de luxo, fujo até à feira e consigo tomates maduros, pequenos e adocicados. A gente dá jeito pra tudo. E de repente percebe que é fácil, extremamente fácil!
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