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Foi por um triz.

Em breve, o pardieiro estará fechado para reformas. Ou melhor, escancarado para todo tipo de vai e vem, entra e saí, entulho, poeira, sujeira e barulho. Confesso que já estou trincando os dentes e perdendo o sono. O planejamento já começou e todo tempo livre é pra pensar nas muitas possibilidades de transformação da casa. Orçamentos, projetos e pés no chão pra uma reforma que começa no telhado e termina na calçada da rua. Haja planejamento! Se pudesse, entregava a chave para o pedreiro, fugia e voltava daqui sete meses, quando tudo estivesse pronto.

Não vai dar. Então, preciso planejar a realidade e dividir "numa boa" meu quarto com uns sacos de cimento. Ficar sem banheiro uns dias, sem cozinha por algumas semanas, vestir a Poliana que nunca li para acreditar piamente que tudo vai dar certo e vou ficar bem contente. Haja paciência!

Pra completar, minha casa entrou naquele modo de "vamos quebrar tudo!" E entre março e abril teve um monte de coisas que me deixou na mão. O mais dramático foi a máquina de lavar. A ordinária morreu mesmo! Para todo sempre amém, logo agora que não é hora de gastar dinheiro com isso!!! Mas a descarga do banheiro, o aparelho ortodôntico da caçula e meu celular, levando embora todos os meu contatos não salvos, também me sacanearam legal, fazendo com que eu perdesse um tempo precioso, xingando mais que o necessário, me deixando mais azeda do que nunca!

Cozinhar?! Contente-se com um miojo e um ovo frito! Brincadeirinha, eu raramente compro miojo. Então, fique feliz com um ovo frito!

Na boa, eu fico feliz pra caramba com ovo de qualquer jeito e minha família também! E... eu fiz comida sim. Com muita má vontade, fiz. Só não tive ânimo pra transformar em palavras. Nesses dias de dentes trincados, tudo perdeu a graça.

Mas tem uma receita que vale contar, especialmente porque tinha tudo pra dar certo e não deu! Na verdade, não daria certo mesmo porque eu estava tentando fugir da cozinha de qualquer maneira e queria uma saída que me facilitasse o dia... então, só podia dar errado!

Foi semana passada e eu não tinha descongelado nada. O mais rápido seria o filé de peixe, mas eu não estava a fim de fritura. Pensei no creme de leite. Bom. Pensei também em fazer no forno. Delícia. Mas já tinha feito assim uns dias atrás assim. Pensei com molho de tomate, igualzinho merenda de escola! Quem estudou comigo, comeu muito arroz com peixe lá na Álvaro Espinheira. Eu gostava!

Lembrei de um maracujá perdido na geladeira e de uma garrafinha graciosa de leite de coco no armário. Pronto. Adoro quando a preguiça anda junto com a criatividade... É um perigo! E lá fui eu catar uma receita que unisse os dois ingredientes. Não encontrei nada como eu imaginei, a única saída era partir para ação.

Perguntei pro marido se daria certo maracujá com coco e ele respondeu com a pergunta: é mousse?

Encarei! Pimentão, cebola e tomate refogados no alho e azeite. Polpa de maracujá e leite de coco. Sal, pimentas mistas e uma reza bem forte! Uau, o molho ficou bom! 

Temperei o peixe com sal, limão e arrisquei um gengibre fresco que tinha aqui. Quando tudo parecia perfeito e o molho já borbulhava, coloquei o peixe... foi aí que desandou... o bicho não estava assim, tão descongelado e aquela água afogou tudo! Teve também o limão, que insiste em ser estrela mesmo quando não deveria. O coco e o maracujá, suaves e tímidos, desapareceram com limão se achando Suzana Vieira em dias de Vídeo Show. 

Tudo bem, se ficasse assim. Era só ter paciência e esperar o molho secar um pouquinho. Foi aí que eu esqueci da vida, o molho secou, praticamente queimou e eu achando que o limão era o tal, que nada! O maior vilão foi o sal!

Na hora do almoço, minha filha estranhou o sabor e perguntou o que era. Eu respondi: limão, maracujá e coco. E sem titubear ganhei essa: que é isso, mãe... picolé?!


Pelo tanto de sal, parecia bacalhau!

Valeu a experiência. Eu sou teimosa e qualquer dia repito a receita. E nada de limão! Sal só no peixe ou no molho e principalmente, peixe totalmente descongelado!

Vai dar certo! Quase deu naquele dia, foi por um triz! 
Um triz?! Que nada, a verdade verdadeira foi que deu mesmo tudo errado!


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